Desculpa, mãe, mas eu estava vazio

Livro: Último Adeus

Autor:  Cynthia Hand

Páginas: 352

Editora: Darkside

Edição: 2016

Acabamento: Capa Dura

Nota: 5/5

ISNB: 978859440027

O Último Adeus é um livro que sem querer querendo entrou na minha lista de livros favoritos e do coração. Ele fala de um assunto muito dificil de ser trabalhando, que é o suicídio. Para ser sincera, dificilmente gosto de algum livro sobre esse assunto. Os que li anteriormente a este livro, não fizeram com que eu gostasse de ler sobre, pois o público quase sempre é adolescente e talvez para deixar a leitura mais próxima a eles, os autores tratam o assunto de uma forma poética, quase como se não fosse um tabu, mas tudo bem tirar sua vida por "n" motivos.

Diferente desses livros, a autora Cynthia Hand trata o assunto com muita propriedade e realismo, mostrando o lado das pessoas que ficam aqui e sentem a dor daqueles que tiveram essa ideia tão extremista de tirar sua própria vida. O Último Adeus, conta a história de Alex, uma estudante do ensino médio, que diferente da outras adolescentes normais da sua idade, Alex enfrenta a perda de seu irmão mais novo e sua mãe se tornando uma possível alcoólatra. 

Tyler é o irmão mais novo de Alex e em um dia ele decidiu tirar sua própria vida, deixando como explicação apenas um post it com os dizeres "Desculpa, mãe, mas eu estava muito vazio" e por alguma razão que vamos descobrir com o decorrer do livro, Alex se culpa pela decisão tomada e isso faz com o que ela se isole das outras pessoas, mudando por completo sua vida após a morte de seu irmão. Sem contar que Tyler volta para assombra-la algumas vezes no livro. A contra gosto ela começa a frequentar um psicólogo, que a orienta a escrever um diário, para tentar a voltar a se expressar. Tá aí a grande sacada da fonte o livro ser em azul - imitando alguém escrevendo de caneta - e não preto, como de costume.

Todos os personagens do livro tem uma certa importância na história e com seus próprios conflitos internos para travar. A narrativa é muito bem escrita e fluída. Talvez você não termine em apenas uma sentada, já que em alguns momentos dá um aperto tão grande no coração que você quer respirar um pouco, mas não tarda a voltar a leitura, pois a ideia de abandonar a Alex sem saber como vai acabar é aterrorizante, mas o livro é muito rápido de ler, pelo menos eu devorei ele e nos últimos capítulos eu já parecia uma manteiga derretida - no meio do trabalho.

Em momento algum a autora romantiza o suicídio e este é o grande diferencial do livro, pois o assunto é tratado de uma forma verdadeira, deixando toda a dor transparente, de uma forma que só alguém que já passou por algo parecido pode descrever. Essa realidade da narrativa é transcrita na história também, então a cada momento do livro, você consegue ver um história que poderia acontecer com alguém que você conhece, ou até com você mesmo.

É fácil de se conectar com a Alex, ela é uma personagem muito racional, mesmo com todo o acontecimento ela tenta ver as coisas de uma forma muito realista e sabe que com sua mãe perdida, seu pai tendo outra família, sobra para ela ser o alicerce para tudo não desabar. O que é difícil de ver, pois ela é uma adolescente que deveria estar vivendo de forma normal e não carregando todo esse peso em suas costas.

Esqueça todos esses outros livros sobre suicídio e leia ou indique O Último Adeus, pois após a leitura dele, você entenderá o que quero dizer quando digo que os outros livros romantizam o assunto. Este livro irá te surpreender em todos os sentidos e talvez, assim como eu, virar o seu favorito. 

O trabalho gráfico desta edição está arrasadora e todos os detalhes tem um significado no livro. A capa tem um efeito de vários post it um em cima do outro, tanto que o título do livro é sobreposto por um post it amarelo, que caso o leitor queira pode tirar e na contracapa tem outro post it com os dizeres do Tyler.  Dentro temos uma folha de guarda toda rabiscada em caneta azul e em diversas passagens temos algumas espirais também rabiscadas. Tudo isso dá a sensação de estarmos lendo o diário de Alex, pois  em alguns momentos temos a data e o mês do diário que ela escreve para o psicólogo, transformando o livro em um diário.

Eu super recomendo mesmo este livro para todas as pessoas, independente do seu gênero literário, pois é um choque de realidade enfrentar essa situação com essa narrativa tão verdadeira. Aproveitando que a nova série da Netflix estreia amanhã e a temática dele é o mesmo do O Último Adeus, eu queria conscientizar a todos, pois a série será a adaptação do livro 13 Porquês, que como já disse em algum post passado, não gosto deste livro por romantizar o assunto, mas estou ansiosa para ver a série, pois parece que será boa. E vocês, estão ansiosos para a nova série ou já leram O Último Adeus?